No mês passado, o Nature Investment Lab (NIL) reuniu líderes do setor financeiro, especialistas em clima, representantes do governo e da sociedade civil em São Paulo para o evento “Soluções baseadas na natureza: dimensionando oportunidades e perspectivas de financiamento”. 

O encontro reuniu vozes estratégicas do setor financeiro, de instituições públicas e privadas, da sociedade civil e da comunidade técnica, com um objetivo comum: abrir caminhos para que as Soluções Baseadas na Natureza (SbN) superem meras promessas e sejam implementadas na escala e na velocidade que o momento atual exige. Com foco na urgência e na viabilidade do financiamento climático, o encontro reforçou um consenso fundamental: sem recursos financeiros estruturados, acessíveis e escaláveis, a agenda ambiental e a resposta à crise climática não avançarão. 

O evento contou com a presença do Embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30, que acontecerá em Belém no final deste ano. Corrêa do Lago reforçou o papel de liderança do Brasil na construção de uma nova lógica para o financiamento climático. “O Brasil está dando uma ajuda imensa para encontrar caminhos para outras formas de financiamento. Há discussões sobre tributação para transporte marítimo, petróleo, classe executiva aérea. Vamos analisar tudo para chegar a US$ 1,3 trilhão em 2035”, afirmou, referindo-se à meta estabelecida durante a COP29. Ele também destacou a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), previsto para entrar em operação em 2025, com US$ 125 bilhões alocados para países que conservam suas florestas tropicais. 

Com apenas seis meses de operação, o NIL já mostra resultados concretos. Como lembrou Daniel Contrucci, cofundador e diretor executivo da Climate Ventures, organização responsável pela secretaria do Laboratório, uma chamada pública mobilizou cerca de 90 projetos de NbS de diferentes partes do país. O volume e a qualidade das propostas reforçam a urgência e a oportunidade de estruturar instrumentos financeiros inovadores, acessíveis e replicáveis para tirar essas iniciativas do papel. 

Durante os painéis do evento, abordamos os principais desafios e possíveis caminhos para escalar o financiamento de NbS no Brasil. A diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Maria Netto, destacou que o país possui mais de 100 milhões de hectares de áreas degradadas com potencial de restauração. "Nosso papel como iCS é ajudar o NIL, trazendo não apenas conhecimento, mas também uma visão pragmática do que podemos mostrar como possível. Os setores público e privado precisam trabalhar juntos para mostrar o que é viável", afirmou. 

Outro painel em destaque apresentou a Coalizão Brasileira de Financiamento da Restauração e Bioeconomia (BRB FC), iniciativa criada em 2024 para fortalecer o financiamento de ações voltadas à restauração e conservação florestal no Brasil. Representantes de organizações como BTG Pactual, Biomas, Itaú BBA, Agro e Conservação Internacional destacaram a necessidade de segurança jurídica, integração entre os atores e investimentos em larga escala para viabilizar as metas climáticas assumidas pelo país. 

Ao longo de um dia inteiro de diálogos estratégicos, ficou evidente que o Brasil tem um papel único na transição global para uma economia de baixo carbono baseada na natureza, e que o financiamento é a ponte entre o potencial e a realização. 

Acesse os materiais do evento: 

Apresentação 

Gravação: Áudio original , Áudio em inglês , Áudio em português

Fotos 

O Nature Investment Lab nasceu justamente para ocupar esse espaço: catalisar soluções concretas de financiamento, conectando diferentes setores e articulando esforços em torno de uma visão comum. Nosso trabalho é identificar obstáculos, propor caminhos e apoiar a estruturação de instrumentos financeiros adaptados à realidade das NbS no Brasil.

 Financiar a natureza não é apenas uma necessidade, é uma oportunidade estratégica para o Brasil e para o planeta. O NIL continua como um espaço de articulação e construção coletiva, com o objetivo de acelerar o financiamento das NbS e contribuir com soluções práticas para a COP30. 

Ao longo do ano, continuaremos realizando reuniões, aprofundando discussões nas Forças-Tarefa do NIL e construindo, com diferentes parceiros, um ecossistema mais robusto para o financiamento climático. 

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